Pelo t\u00edtulo deste artigo j\u00e1 podemos ver que estou me aventurando em um tema que, longe de mim, n\u00e3o sou expert: batalhas militares. Mas escrevo com cautela e foco na \u00e1rea que domino: transforma\u00e7\u00e3o e evolu\u00e7\u00e3o de neg\u00f3cios na economia digital, onde as batalhas s\u00e3o comerciais e cibern\u00e9ticas.<\/p>\n\n\n\n
Pela resposta que o mundo deu \u00e0 R\u00fassia por conta do ataque b\u00e9lico \u00e0 Ucr\u00e2nia, esta guerra \u00e9 mundial. Vemos claramente uma estrat\u00e9gia geopol\u00edtica de tempos anteriores ao s\u00e9culo XIX, de anexa\u00e7\u00e3o ou dom\u00ednio de pa\u00edses vizinhos pela for\u00e7a. E vemos que felizmente a resposta n\u00e3o foi b\u00e9lica e sim por san\u00e7\u00f5es econ\u00f4micas: enquanto um lado luta pelo ch\u00e3o, mar e ar, o mundo que apoia a Ucr\u00e2nia luta pela Rede, tanto a digital social quanto a digital econ\u00f4mica.<\/p>\n\n\n\n
O mundo j\u00e1 \u00e9 uma rede de economias, sociedades e tribos interconectadas, e esta rede n\u00e3o se divide em ocidente e oriente: ela respeita culturas e integra comunidades. A governan\u00e7a dessa rede \u00e9 global e autossustentada, a rede se governa. A primeira li\u00e7\u00e3o que aprendemos \u00e9 que a rede \u00e9 mais r\u00e1pida que se imaginava.<\/p>\n\n\n\n
Estamos testemunhando pela primeira vez um fen\u00f4meno das redes sociais aplicado \u00e0 economia de um pa\u00eds: o cancelamento.<\/p>\n\n\n\n
A Ucr\u00e2nia n\u00e3o quer fazer parte do ocidente, ela quer fazer parte do mundo democr\u00e1tico e da economia global. O fato de a Ucr\u00e2nia ter reagido, por mais sofrido que seja para aquele povo, faz um bem a ela e ao mundo: ela se nega a ceder ao \u00faltimo suspiro de uma mentalidade anacr\u00f4nica e fora da realidade atual. Ela ajuda o mundo a n\u00e3o dar um passo atr\u00e1s na evolu\u00e7\u00e3o.<\/p>\n\n\n\n
O Petr\u00f3leo j\u00e1 foi o carro-chefe da gera\u00e7\u00e3o de riqueza (e desastre ambiental) do planeta, hoje a riqueza est\u00e1 na troca de informa\u00e7\u00f5es que alimentam as transa\u00e7\u00f5es internacionais, a infraestrutura de rede que a sustenta e (estrategicamente) nos semicondutores que processam estes dados.<\/p>\n\n\n\n
Isso nos leva a pensar na China, que vem superando os Estados Unidos como a economia mais forte na Rede e n\u00e3o pode se deixar isolar. E ela dever\u00e1, como pa\u00eds de 5 mil anos de idade, fazer como sempre fez: observar com aten\u00e7\u00e3o e sem pressa, ela perde mais que ganha com um envolvimento unilateral, deve se ensaiar como mediadora global e proteger a rede, a economia da qual ela tanto depende e tanto lutou para dominar.<\/p>\n\n\n\n
Esta situa\u00e7\u00e3o tamb\u00e9m deve levar a China a ponderar sobre Taiwan. Todos os pa\u00edses precisam dos semicondutores fabricados l\u00e1. Uma a\u00e7\u00e3o em rela\u00e7\u00e3o a Taiwan nos moldes do que foi feito na Ucr\u00e2nia seria desastroso. O que \u00e9 preciso fazer, rapidamente, \u00e9 desconcentrar e redistribuir a produ\u00e7\u00e3o de semicondutores para outras regi\u00f5es do mundo.<\/p>\n\n\n\n
Nesta era de economias interligadas e interdependentes, se houver uma guerra ela ser\u00e1 comercial e digital, e Putin acabou de admitir que est\u00e1 fora desse grupo e que lhe resta lutar com as armas do s\u00e9culo passado. A situa\u00e7\u00e3o em que nos encontramos hoje \u00e9 de responsabilidade dele, individualmente dele, com todo o poder que exerce.<\/p>\n\n\n\n
Al\u00e9m da interdepend\u00eancia, a nova economia \u00e9 medida por reputa\u00e7\u00e3o, as rea\u00e7\u00f5es sociais s\u00e3o instant\u00e2neas, n\u00e3o se pode perder um minuto quando algo compromete nossa marca, imagem ou bandeira. A pr\u00f3pria China j\u00e1 declarou que est\u00e1 preocupada com os danos \u00e0 sua reputa\u00e7\u00e3o pela proximidade com a R\u00fassia (not\u00edcia veiculada na CNN em 11\/03).<\/p>\n\n\n\n
As redes sociais s\u00e3o r\u00e1pidas no julgamento e no cancelamento, a Rede muitas vezes se comporta como se tivesse anticorpos, ela isola um tumor desligando-o. E as grandes marcas, na d\u00favida, seguem o julgamento das redes sociais (em menos de duas semanas todas as grandes marcas globais abandonaram a R\u00fassia). E aqui vale uma m\u00e1xima antiga, custa cinco vezes mais caro repor um cliente perdido do que adquirir um novo, a retomada ser\u00e1 lenta para recuperar a reputa\u00e7\u00e3o Russa.<\/p>\n\n\n\n
A geografia \u00e9 o f\u00edsico nos d\u00e1 energia, alimento e subsist\u00eancia, a rede \u00e9 o digital que nos coloca como um conjunto de economias interligadas e culturas diferentes que precisam coexistir pacificamente para garantir tanto a sustentabilidade econ\u00f4mica quanto ambiental. Esse \u00e9 o nosso futuro.<\/p>\n\n\n\n
Uma economia \u00e9 feita de empresas e, na rede, empresas n\u00e3o t\u00eam fronteiras, cabe a n\u00f3s, geradores de valor econ\u00f4mico, atuar em prol da sustentabilidade e dignidade, respeitando a vida e as pessoas. Um exemplo disso \u00e9 a pequena Est\u00f4nia, que, uma vez fora da comunidade sovi\u00e9tica, tornou-se o pa\u00eds a realizar a digitaliza\u00e7\u00e3o mais r\u00e1pida do mundo. Hoje a Est\u00f4nia opera 100% online e \u00e9 a maior autoridade mundial em seguran\u00e7a cibern\u00e9tica, muito por conta de precisar se defender de seu ex-soberano.<\/p>\n\n\n\n
Se estivesse procurado aprender algo com a Est\u00f4nia, a R\u00fassia teria encontrado valiosas li\u00e7\u00f5es de como acelerar sua economia e competir no mundo digital. Mas a\u00ed teriam que se transformar profundamente, talvez nem a surpreendente resist\u00eancia da Ucr\u00e2nia ajude a acelerar isso.<\/p>\n\n\n\n
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Link do webinar sobre transforma\u00e7\u00e3o de neg\u00f3cios para a economia digital:<\/p>\n\n\n\n