4a revolução industrial – por que ela é ponto de inflexão.

Desde a 1ª da Revolução Industrial, em 1775, até agora, a renda per capita média mundial aumentou cerca de 40 vezes, de aproximadamente US$ 200 para quase US$ 8000. A figura abaixo deixa claro, estamos em crescimento exponencial há quase 250 anos.

Já estamos na 4ª revolução e cada uma delas representou um salto transformador. A primeira foi de MECANIZAÇÃO, quando o homem deixou de ser a máquina para ser o operador da máquina. Para uma disruptura dessas ocorrer geralmente é necessária a conjunção de três fatores inovadores: energia, tecnologia e comunicação. Neste caso o carvão, a máquina a vapor e a imprensa mecanizada. Isto obviamente alavancou a capacidade produtiva exponencialmente e desencadeou profundas transformações.

A segunda revolução é normalmente associada à produção em série, mas foi, além disso, de MOBILIDADE. A eletricidade, a comunicação remota (telégrafo e telefone), e o motor a combustão viabilizaram isto. As fábricas não precisavam mais ficar presas a um rio e a uma fonte próxima de carvão. A energia transportada por fios elétricos até as fábricas, e até às máquinas, dispostas em layouts mais flexíveis, viabilizou e expansão geográfica da indústria em vários países. A escala de produção reduziu os custos dos produtos, gerou empregos em massa, permitiu o surgimento da classe média e do mercado de consumo. Em suma, essa nova condição influenciou o desenho urbano, a configuração industrial e o desenvolvimento do comércio do século XX.

O período após a segunda guerra mundial foi abundante em novas tecnologias, a eletrônica digital, as baterias e a comunicação por Satélite permitiram a automatização de equipamentos e a globalização dos processos fabris, aumentando ainda mais a escala e reduzindo o custo. Isso caracteriza terceira revolução industrial como sendo a da AUTOMAÇÃO e da Globalização da Indústria, do Comércio e das Comunicações. Foi quando nos tornamos a chamada Aldeia Global, já semeando a base cultural para uma atuação mais integrada, que viria com a Internet.

A tecnologia de semicondutores provocou o aumento exponencial da capacidade computacional a um custo baixíssimo, e criou as condições de infraestrutura e conexão necessárias para que a Internet se estabelecesse. Isto completa a receita para a chegada da quarta revolução, foi quando nos TORNAMOS UMA REDE. De certo modo, da mesma forma que a segunda revolução foi de MOBILIDADE, a quarta revolução TAMBÉM É! Transporte e logística, comunicação e entretenimento, educação, comércio e indústria, relacionamentos, medicina, são algumas das áreas que passam a operar em rede, e deverão ter seus modelos operacionais e de negócio repensados.

Por exemplo, a área da COMUNICAÇÃO com o cliente é a primeira a ser impactada, e são várias as razões para que esta seja uma área prioritária na transformação das empresas. O primeiro impacto atinge os valores associados à comunicação, como a Internet estabeleceu a reputaçãocomo métrica de escolha do cliente, as empresas deverão satisfazer legitimamente seus clientes através de uma boa experiência com a sua marca. Um outro ponto é que as últimas gerações já incorporam os novos paradigmas ambientais e de sustentabilidade, focam mais no uso do que na posse, consomem com consciência, levam mais em conta os valores, compromisso e propósito de seus fornecedores, e cobram isso das marcas. Terceiro, as pessoas se identificam por perfis e se agrupam virtualmente por afinidade, deixamos de ser uma “aldeia global” para termos “tribos globais”, identificar-se com estas tribos e estabelecer vínculo é um desafio.  De certa forma cliente está mais “móvel” e sua a fidelidade mais volátil, conhecê-lo, saber conversar com ele, construir uma reputaçãopara a sua marca que tenha significado para este cliente, todos serão pontos chave na relação das marcas com suas comunidades. A transformação das empresas e de suas marcas é uma estratégia só.

Do ponto de vista INDUSTRIAL, a configuração social e econômica atual, junto com o sistema organizacional industrial que a originou, vai mudar profundamente nestes próximos anos (*). Vamos vivenciar o mesmo fenômeno de desdobramento dos anos 1920 a 1940, onde a segunda revolução industrial desencadeou o desenvolvimento de várias indústrias, tais como borracha, metalurgia, química, eletrônica e de alimentos. Agora novos materiais e técnicas de manufatura viabilizarão fábricas flexíveis, menores e mais simples de operar. O reaproveitamento de estruturas imobiliárias otimizará o uso urbano. Provavelmente teremos mercados mais locais e autossuficientes, mas com cooperações globais ao mesmo tempo. Conciliar fornecimento e atendimento local com produção em escala global será um dos desafios das grandes empresas a desenhar estrategicamente.

No COMÉRCIO, a colaboração entre fornecedores e canais, a utilização de aplicativos para compras e operação logística, associada aos diversos modais de transporte, viabilizam a logística otimizada por algoritmos que, por sua vez, também ajudam a reconfigurar o comércio em uma multiplicidade de formatos e modelos de negócio e entrega de bens. A adoção de modelos de negócio em plataforma, que automatizam o relacionamento entre todos os stakeholders da cadeia de valor, deverão ser avaliados pelas empresas.

Na MEDICINA conexão e monitoração de dados de saúde, associada a novos equipamentos portáteis, de baixo consumo de energia, e com muita inteligência embutida, permitirá a verdadeira telemedicina, que vai muito além do atendimento e agendamento online. Monitoração de pacientes, tratamentos, exames e cirurgias poderão ser feitos remotamente, o hospital é que vai para a casa do paciente.

Estes são apenas alguns exemplos das múltiplas possibilidades de crescimento e mudanças que se desdobrarão nos próximos anos. Nosso desafio é transformar. Transformar nossas fábricas, nossos negócios, nossa logística, nossa educação e nosso comportamento, para poder garantir uma posição na nova economia. Quatro ações devem ser nossa diretriz: Entender, Repensar, Habilitar e Experimentar, esse é o roadmap básico da transformação nas empresas.

(*) Para aprofundamento, sugiro a leitura do livro Rethinking Humanity,  de Tony Seba  e  James Arbib.

Veja neste link alguns vídeos em que respondo perguntas sobre transformação digital para Pequenas e Médias Empresas:

https://www.youtube.com/channel/UCGEMC2NwBS42R46moSNkkJw

Ronaldo Aloise Jr. aht ([email protected]) é Engenheiro Mecânico com pós-graduação em Engenharia de Software pela UFRGS. Formou-se como executivo na Indústria de TI e Semicondutores. Atuou por mais de 30 anos como diretor de empresas como Intel, HP, Dell, Baan e Datasul.

No Rio Grande do Sul foi Vice-Presidente e COO da HT Micron Semicondutores e Diretor da Datacom e Saque e Pague. Fundou a WayToGrow para promover o a transformação e o crescimento de empresas na economia digital, e atua como sócio e mentor de diversas Startups, entre elas a Thummi (www.thummi.global) da qual é CBO.

Ronaldo Aloise Jr (aht)

Ronaldo Aloise Jr (aht)

Com formação em Eletrônica, Engenharia Mecânica e Eng de Software. Atuou como Diretor Executivo, CMO, CBO e COO, em empresas como HP, Intel, Dell, Baan, Datasul, HT Micron Semicondutores, Datacom e Saque e Pague.

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